Esta edição No. 4 de Sinal de Menos destaca o “Brasil” como tema. Ganha centralidade, assim, algo que nas outras edições tinha sido mais ou menos tangenciado ou constituído o pano de fundo das análises.
A edição abre com uma ENTREVISTA com o crítico literário e teatral JOSÉ ANTÔNIO PASTA, professor de Literatura Brasileira na USP. A conversa gira em torno de temas caros ao pensamento crítico nacional, tais como a questão da formação, o lugar de Machado de Assis na literatura brasileira e mundial, sua relação com outros importantes escritores do país, a velha questão do “dualismo estrutural”, entre outros.
Na seção de ARTIGOS, publicamos um importante ensaio traduzido de JOSÉ ANTÔNIO PASTA, Volubilidade e idéia fixa (O outro no romance brasileiro) – que apresenta, originalmente para um público estrangeiro, alguns aspectos de uma lógica de base da narrativa brasileira e machadiana em especial, a partir da combinação das noções de volubilidade e idéia fixa. Donde ainda são derivadas, pelo autor, outras figuras com alcance de decifração da literatura e da sociedade.
Em seguida, temos o ensaio de CLÁUDIO R. DUARTE, O Brasil n’ O espelho de Machado de Assis – Fisionomia da dominação social e territorial brasileira, que estuda o célebre conto de Machado de Assis, apontando, nos passos de John Gledson, a importância dos significantes históricos do texto. A partir daí e da contribuição de J. A. Pasta, pode-se reler em todo o conto a imagem evanescente e traumática de um Brasil escravista que se desintegra e só se unifica à força, por meio dos poderes imperiais.
Temperando o clima geral de festa com a escolha da “cidade maravilhosa” para sediar os J. O. de 2016, em Bem-vindos ao deserto do Rio! Observações sobre a guerra social em curso, RAPHAEL F. ALVARENGA chama atenção para a onda reacionária que tomou conta da cidade no ano que passou, com destaque para o recrudescimento da repressão policial e para as políticas de contenção social da pobreza.
O próximo artigo, de DANIEL CUNHA, Queimando o futuro?, se propõe a analisar a questão do pré-sal do ponto de vista da emancipação social, expondo o beco sem saída da dependência do petróleo e as potencialidades emancipatórias de tecnologias alternativas.
Por fim, temos outro artigo de CLÁUDIO R. DUARTE, Uma poética do desterro – Drummond e a formação suspensa em Fazendeiro do Ar. Trata-se de um estudo sobre esse livro específico do poeta mineiro e que busca mostrar, a partir da análise de sua armação lógica e de seu poema de abertura, a densidade de relações históricas nele contidas, que expressam dolorosamente o caráter problemático e interrompido da formação individual e social no país.
Na última seção, LEITURAS E COMENTÁRIOS, JOELTON NASCIMENTO escreve sobre um livro recente de Alysson Mascaro, Utopia e Direito, que versa sobre as possibilidades críticas do pensamento de Ernst Bloch.
Nossa expectativa é que a leitura desses textos alimente novas discussões. Aliás, a Revista aceita contribuições para as próximas edições. Até a próxima.
Fevereiro de 2010
[-] Sumário #4
Editorial
Entrevista com José Antonio Pasta
Artigos
Volubilidade e ideia fixa
(O outro no romance brasileiro)
José Antonio Pasta
O Brasil n’O espelho de Machado de Assis
Fisionomia da dominação social e territorial brasileira
Cláudio R. Duarte
Bem-vindos ao deserto do Rio!
Observações sobre a guerra social em curso
Raphael F. Alvarenga
Queimando o futuro?
O pré-sal como ilusão tardia e alavanca emancipatória
Daniel Cunha
Uma poética do desterro
Drummond e a formação suspensa em Fazendeiro do Ar
Cláudio R. Duarte
Leituras e comentários
A justiça que vem
Ou por que alguns princípios arquijurídicos podem ser também princípios pós-jurídicos
Joelton Nascimento
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